Antonio Carlos Xavier
Este ensaio visa trazer à discussão as mudanças que as Tecnologias de Informação e Comunicação têm provocado nas formas de aprendizagem da nova geração que as utiliza. Admitindo-se como irrevogável a tecnologização da educação nos dias de hoje, nota-se a necessidade de torná-la uma aliada na aquisição das habilidades e competências exigidas por tal tecnologização. Propõe-se nesse ensaio uma mudança radical de abordagem pedagógica, abandonando-se o ensino instrutivista e adotando-se a aprendizagem (re)construtivista. Os protagonistas desse processo, quais sejam: aprendizes, professores e gestores da educação precisam se articular para que tal mudança pedagógica efetive-se na prática. Os novos aprendizes já começaram a fazer sua parte.
Tecnologia + Neoliberalismo = Tecnociência
Dessa forma, transfere-se a essas instituições a responsabilidade que não é só dela, mas de toda uma conjuntura de planejamento e execução do poder público constituído para tornar tais instituições verdadeiros espaços de desenvolvimento de cérebros e implementos científico que vão efetuar o progresso tecnológico necessário. Segundo Valente (1999, p 35), a educação é um serviço e por isso em geral se adapta às mudanças apontadas pelo viés ideológico e pelo modelo econômico de gestão adotados pelo grupo político que detiver o poder no momento. Nos quatro cantos do mundo, imperam quase soberanamente o Neoliberalismo e sua economia de mercado com a intervenção mínima do Estado em tais negócios; ou seja, reina um mercado livre, de iniciativa privada com ações minimalistas do poder constituído.
Cognição e emancipação do aprendiz
Contrariamente a Maturana, Varela (1999) postula que a realidade externa e o equipamento perceptor devem entrar em equilíbrio, cujo predomínio de um ou de outro será sempre determinado pelo ponto de vista do sujeito. É ele quem tem a palavra final no processamento hermenêutico dos dados que são apreendidos e tratados por seu aparato perceptor mental. Divergências conceituais à parte quanto à predominância ou equilíbrio da realidade ou do sujeito no processo interpretativo, fase constitutiva da aprendizagem para Varela e Maturana, não se deve ignorar a dimensão enriquecedora da percepção trazida pelas tecnologias digitais se aplicadas à educação. Basta que tomemos o computador como exemplo de equipamento tecnológico para percebermos que sua inserção no espaço escolar, no mínimo, aumenta o interesse dos alunos por algumas situações de aprendizagem não necessariamente novas. O efeito novidade de qualquer recurso pedagógico por si só já funciona como um atrator da atenção dos aprendizes que, por sua vez, são movidos pela curiosidade inerente aos humanos fazendo-os supor que é possível aprender até mesmo brincando.
Entre o aprendiz e as tecnologias, o professor
Acrescente-se a isso que a nova geração, que cresce com acesso a vídeo-game, computador, telefone celular, máquina fotográfica digital, MP3 Player entre outros equipamentos digitais, começa a apresentar modos de pensar e de se comportar que os fazem adquirir um conjunto de características e práticas sociais, afetivas e intelectuais bem diferentes e certamente desafiadoras para pais, professores e gestores das políticas educacionais. Em outras palavras, os aprendizes da nova geração estão raciocinando e agindo de modo surpreendente, pois eles têm desenvolvido a capacidade de: apreender, gerenciar e compartilhar os novos conhecimentos aprendidos com os parceiros de suas comunidades virtuais; checar on-line a veracidade das afirmações apresentadas e refutar com base em dados disponíveis na rede, a fim de exercitar a crítica a posicionamentos e não simplesmente acolhir7 de tudo o que se diz na Internet como verdades incontestáveis. Explorar e contemplar as formas de arquitetura escolhida para apresentar as idéias materializadas em discursos hipertextuais, os quais se valem tanto do sistema semiótico verbal quanto do visual e do sonoro como estratégia multisemiótica para se fazer entender entre as inúmeras páginas indexadas diariamente à grande rede; Essa mudança pedagógica fundamental, a qual a escola deve empreender com o suporte das novas tecnologias, implica a criação de ambientes virtuais de aprendizagem que possibilitam a reconstrução do conhecimento e evitam o instrucionismo mecanizado. Para isso as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) devem ser vistas como novos espaços de distribuição de informação à espera de acesso, processamento e articulação com outras informações já transformadas em saber útil para o aprendiz e para sua comunidade.
José Manuel Moran
José Manuel Moran é um dos maiores especialistas brasileiros no uso da Internet em sala de aula. Por isso, não se espere dele o deslumbramento do marinheiro de primeira viagem. Timoneiro experiente, ele conduz o barco devagar. Para o educador que acessa a rede pela primeira vez, ele adverte que nem sempre a maré está para peixe. "A Internet nos ajuda, mas ela sozinha não dá conta da complexidade do aprender hoje, da troca, do estudo em grupo, da leitura, do estudo em campo com experiências reais". A tecnologia é tão-somente um "grande apoio", uma âncora, indispensável à embarcação, mas não é ela que a faz flutuar ou evita o naufrágio. "A Internet traz saídas e levanta problemas, como por exemplo, saber de que maneira gerenciar essa grande quantidade de informação com qualidade", insiste.
A questão fundamental prevalece sendo "interação humana", de forma colaborativa, entre alunos e professores. Continua a caber ao professor dois papéis: "ajudar na aprendizagem de conteúdos e ser um elo para uma compreensão maior da vida". Se o horizonte é o mesmo, os ventos mudaram de direção. É preciso ajustar as velas e olhar mais uma vez a bússola. E José Manuel Moran foi traçar rotas em mares nunca dantes navegados. A novidade é que "hoje temos a possibilidade de os alunos participarem de ambientes virtuais de aprendizagem". O grande desafio é "motivá-los a continuar aprendendo quando não estão em sala de aula".
"A Internet nos ajuda, mas ela sozinha não dá conta da complexidade do aprender"
A afirmação é do professor José Manuel Moran. Ele fala sobre o uso da Internet na educação, fundamentado seu pensamento na "interação humana",
de forma colaborativa, entre alunos e professores.
de forma colaborativa, entre alunos e professores.
José Manuel Moran é um dos maiores especialistas brasileiros no uso da Internet em sala de aula. Por isso, não se espere dele o deslumbramento do marinheiro de primeira viagem. Timoneiro experiente, ele conduz o barco devagar. Para o educador que acessa a rede pela primeira vez, ele adverte que nem sempre a maré está para peixe. "A Internet nos ajuda, mas ela sozinha não dá conta da complexidade do aprender hoje, da troca, do estudo em grupo, da leitura, do estudo em campo com experiências reais". A tecnologia é tão-somente um "grande apoio", uma âncora, indispensável à embarcação, mas não é ela que a faz flutuar ou evita o naufrágio. "A Internet traz saídas e levanta problemas, como por exemplo, saber de que maneira gerenciar essa grande quantidade de informação com qualidade", insiste.
A questão fundamental prevalece sendo "interação humana", de forma colaborativa, entre alunos e professores. Continua a caber ao professor dois papéis: "ajudar na aprendizagem de conteúdos e ser um elo para uma compreensão maior da vida". Se o horizonte é o mesmo, os ventos mudaram de direção. É preciso ajustar as velas e olhar mais uma vez a bússola. E José Manuel Moran foi traçar rotas em mares nunca dantes navegados. A novidade é que "hoje temos a possibilidade de os alunos participarem de ambientes virtuais de aprendizagem". O grande desafio é "motivá-los a continuar aprendendo quando não estão em sala de aula".
A construção do conhecimento, a partir do processamento multimídico, é mais “livre”, menos rígida, com conexões mais abertas, que passam pelo sensorial, pelo emocional e pela organização do racional; uma organização provisória, que se modifica com facilidade, que cria convergências e divergências instantâneas, que precisa de processamento múltiplo instantâneo e de resposta imediata (Moran 1998, PP. 148-152).
Aluno: Washington
"Essa mudança pedagógica fundamental, a qual a escola deve empreender com o suporte das novas tecnologias, implica a criação de ambientes virtuais de aprendizagem que possibilitam a reconstrução do conhecimento e evitam o instrucionismo mecanizado"
ResponderExcluirA corroborar seus escritos - se me permite Washington - gostaria de acrescentar a essa sua maravilhosa síntese a fala do Dr Wilhelm Reich expadindo-a para todos os atos e pensamentos do educador:
"O educador cujo pensar é mecanicista e místico enxerga a criança como uma máquina mecânico-química, como um súdito do Estado ou como um adepto desta ou daquela religião. Ele compele a criança a entrar em um mundo estranho e chama a isso 'adaptação', se for liberal, ou 'disciplina', se for autoritário (REICH, 2003, p. 61)
Referencia:
REICH, Wilhelm. O éter, Deus e o Diabo. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
PS.:-
Portanto não é de forma alguma incorreto inferir que ao docente a prática salutar da educação de forma alguma perpassa pelo que ora se encontra estabelecido pela concepção de educação do Estado.