sábado, 19 de fevereiro de 2011

DISCUSSÃO DO SEGUNDO ENCONTRO

Aqui discutiremos a sistematização do nosso segundo encontro.
Sugiro duas imagens como métafora dos dois textos que discutimos. Seria interessante dialogarmos sobre o que elas nos instigam e pensar sobre as temáticas:

Exclusão digital e Tecnologia na/para a educação

4 comentários:

  1. DO TEAR ARISTOTÉLICO AO BITES DE BILL GATES
    A respeito da “Exclusão digital: a miséria na era da informação”, livro de autoria de Sérgio Amadeu da Silveira, minha contribuição no encontro ocorrido em 19 de fevereiro de 2011 traz ao leitor minha preocupação a respeito da afirmação do autor no sentido de que “cabe ao Estado, em suas três esferas de governo (municipal, estadual e federal), articular e implementar planos de inclusão digital que busquem ampliar a cidadania a partir do uso intensivo das tecnologias da informação, inserir as camadas mais pauperizadas na sociedade da informação e do conhecimento e tornar o acesso á rede mundial de computadores um direito básico”. Ora, grandes e maravilhosos pensadores através dos tempos já nos afirmam esse ideário de ampliar a cidadania. Um grego que, em vista de seus amplos saberes e conhecimentos, obteve por segundo nome a alcunha de O Filósofo, afirma em sua obra Política que “se se cada instrumento pudesse realizar seu trabalho obedecendo ou antecipando a vontade de outros, como as estátuas feitas por Dédalo ou os trípodes giratórios de Hefesto, os quais, diz o poeta, ‘sozinhos entravam na assembléia dos deuses’; se, da mesma maneira, a lançadeira do tear tecesse sozinha e a palheta tocasse a lira, os manufatureiros não precisariam de trabalhadores, nem os senhores precisariam de escravos” (ARISTÓTELES, 2000, p. 148-149).
    É fantástico que tenhamos nossa própria utopia e que através e com ela possamos dar nossos próprios passos, todavia, se há mais de dois milênios passados, em Aristóteles, a moderníssima, para sua época, tecnologia do tear poderia exterminar com sua sociedade escravocrata do senhor e do escravo, não avançamos um único passo, hodiernamente, com as, hoje, também moderníssimas, tecnologias do cyberspace. Com diz Silveira é “a miséria na era da informação”.
    O sonho, que digo?!!! A ideologia de proprietário do saber, e nisso temos de ficarmos atentos, não objetiva senão ao seu direito de conquistador, ao seu direito de senhor.
    A respeito do fato de que por repetidas vezes o Silveira, autor da obra aqui analisada, faz uso do vocábulo cidadania como se fora algo de muito belo e maravilhoso, não é aqui inoportuno o que fez nos lembrar o nosso colega João, que é também amante do saber, quanto a utilização de substantivos, adjetivos e verbos diversos. Na oportunidade, João, nos recorda que, por exemplo – REFORMAR – não obrigatoriamente nos conduz a outro patamar, posto que – aí é minha intervenção particular – estamos apenas e tão somente a manusear um modelo, um paradigma já dado, estabelecido, formado deformado, informado, conformado, desinformado, formatado (não é esse o verbo utilizado no mundo da Internet e da computação???).
    Há que se utilizar os termos de origem Greco-romana com parcimônia. Hobbes (1979) analisando o Leviatã, o Estado eclesiástico e civil, coloca que “[...] em verdade posso afirmar que jamais uma coisa foi paga tal como estas partes ocidentais pagaram o aprendizado das línguas gregas e latinas” (1979, p. 132).
    Trouxe também minha preocupação a respeito de pensadores que afirmam algo parecido com o fato de que se tivermos acesso a alguma forma de saber e conhecimento, possamos vir a realizar alguma revolução. Nesse sentido fiz saber aos demais colegas do curso que concordo com o lutador de barricadas e pensador Mikhail Alexandrovich BAKUNIN, quando afirma que a nossa vontade, a nossa paixão, o nosso instinto e superior a qualquer FORMA de educação – entra aqui a educação digital em seus formatos diversos – advinda dessa burguesia cuja causa sabe-se muito bem qual seja: qualquer uma, mas com certeza NÃO A SUA CAUSA PRÓPRIA, caríssimo(a) leitor(a).
    Minha posição, portanto, é simples: faça uso de todos os meios, de toda sabedoria e conhecimento que o pensamento coletivo universal coloca a sua frente, todavia, tais instrumentos e aparatos não fazem de você um melhor homem, ou melhor, mulher revolucionário, antes, cuide-se, pois está sendo cooptado e alienado.
    Custódio Gonçalves da Silva

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  2. As telecomunicações é elemento essencial para a Revolução Tecnológica segundo Amadeu. Segundo Manuel Castells1, os veículos de comunicação são dotados de sistemas de controle de sua capacidade em influenciar o público. E, a meu ver, está aí a grande ligação entre esses veículos de informação e a Revolução Tecnológica. Tais veículos são regidos por empresas submetidas aos imperativos da rentabilidade, que têm obrigação de gerar audiência ou de ampliar a sua difusão. Uniu-se o útil ao agradável, a necessidade das empresas de aumentar capital com a pretensão política mundial em formação em massa de ideologia. Segundo Amadeu, quanto mais rapidamente se transferir informações, mais rapidamente se pode transferir o capital e lucrar com as oscilações do mercado.
    Segundo Amadeu a Revolução informacional funda-se nas tecnologias da inteligência, amplia exponencialmente as diferenças na capacidade de tratar informações e transformá-las em conhecimento. Logo, percebemos que temos acesso a muita informação, mas a transformação em conhecimento não acontece com a mesma intensidade. Ainda segundo Amadeu, o processo em curso permite lutar por seu direcionamento. Sem luta, é quase certo que o fosso entre “info-pobres” e “info-ricos” se alargará. Essa disparidade é visível hoje em nossa sociedade, em que, convivemos com pessoas que acessam diariamente a internet e outras tantas que criam cada vez mais aversão ao recurso tecnológico. Levando-se em consideração que o texto do Amadeu foi impresso pela primeira vez em 2001, podemos considerar que depois de uma década várias mudanças já foram postas, nessa luta necessária que enfatiza o autor. Segundo Castells, no artigo citado acima, o movimento altermundialista contra o capitalismo global vem utilizando há vários anos a internet e todos os recursos da comunicação, não apenas como instrumento organizacional como também como foro para debates e manifestações. Dessa forma, ele desenvolveu uma capacidade de influenciar sobre os veículos de comunicação dominantes. Além disso, o autor cita a importância da existência e o desenvolvimento das redes eletrônicas proporcionando a sociedade uma faculdade maior de controle, de intervenção. E uma capacidade superior de organização política para aqueles que se posicionam fora do sistema tradicional. Baseada nessas minhas leituras recentes acredito, que a sociedade promoverá ainda grandes mudanças se aproveitando destes recursos tecnológicos em benefício social.
    1. Estas informações de Manuel Castells foram extraídas do texto “A mídia de massas individual”, revisto e corrigido pelo autor, extraído da sua palestra no seminário sobre o tema “A mídia entre os cidadãos e o poder”, organizado pelo World Political Forum e a província de Veneza em San Servolo, na Itália, nos dias 23 e 24 de junho de 2006.
    Michelly Simon

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  3. COMENTARIO:
    Destaco da resenha elaborada pela colega Michelly Simon o seguinte:
    “Sem luta, é quase certo que o fosso entre “info-pobres” e “info-ricos” se alargará”

    - Corrijo para: “Sem luta, é certo que o fosso entre “info-pobres” e “info-ricos” se alargará”

    - E daí nos surge alguns questionamentos:

    a) nesse momento leio na rede mundial de computadores que o país chamado Brasil é o Sétimo maior Produto Interno Bruto do Planeta Terra.

    b) Grosso modo temos por aqui, em números aproximados, que 10% da população brasileira detêm 90% do PIB.

    c) Assim sendo, pode-se dizer que um grupo de vinte milhões seria o Sétimo PIB da Terra.

    d) Nós outros, nessa hipótese, estaríamos – utilizo-me da metáfora que Michelly usou – estaríamos então no... fosso, na fossa, no esgoto, na sarjeta...

    e) Então, retorno ao MEU PROBLEMA:

    1) – a respeito da LUTA, tenho lido a Arte da guerra de Sun Tzu, estou lendo o Príncipe, do Maquiavel, comentado pelo Napoleão Bonaparte e também o Breviário dos Políticos, do Cardeal Manzarin e – sinceramente – em nenhuma dessas obras seus autores em momento algum afirma que se deva dar munições ao povo, à população, aos pobres... etc etc etc. Ao contrário, desde A Política de Aristóteles que a ordem é TIRAR.

    2) Como fiz saber já em outros meus comentários: não me consta na história recente da humanidade – desde a invenção do tear, passando pela primeira impressa originaria em 1492, depois a I e II revoluções industriais e agora a III revolução??? Não me consta em nenhum instante que os “info-pobres” tenha diminuído o...fosso.
    GYN, GO, 3 de março de 2011.
    Custódio Gonçalves da Silva
    “Todo Poder ao Individuo” (2008)

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  4. Nas duas charges é bastante interessante. As charges mostram como alguns utilizam da proposta de inclusão digital para todos para tirar proveito da situação, para explorar a população mais carente, e tentar manipular as informações de forma que as coisas aconteçam do jeito mais conveniente para eles, sem que muitos percebam a ideologia que tem por trás da informações que chegam a eles pelo o acesso a rede, dá também a ideia de ‘liberdade’ de expressão evitando assim possíveis confrontos. A ideologia dominante que tem por trás desta ‘boa intenção’ em querer que todos tenham acesso as informações, acaba por fazer com que muitos que antes eram marginalizados, considerados analfabetos, agora também sejam considerados analfabetos digitais, aumentando assim a distancia entre as camadas das classes sociais. De Sara Cortez.

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